Ed#2 | Nossa Rua | A Arte Urbana para os Portugueses

abril 10, 2017 5:33 pm Publicado por Deixe um comentário

Arte urbana – graffiti – street art – signos visuais – arte pública, são imensas as nomenclaturas usadas em terras lusitanas para falar sobre a arte de rua, e para cada uma delas há uma explicação plausível. Mas não é o objetivo deste artigo explicar as nuances entre estas denominações, mas sim, expor o ponto de convergência entre elas.

A manifestação artística nas ruas é o resultado da utilização dos espaços públicos; em outras palavras, nos lugares onde há a presença de indivíduos em massa, automaticamente haverá manifestações artísticas na mesma proporção, sejam elas visualmente agradáveis ou não.

Após um trabalho de acompanhamento de artistas e da observação de obras nas ruas, pode-se entender que em locais onde há a ocupação dos espaços públicos por pedestres, a presença de tags e grafismos (pela etimologia da palavra) é de maior concentração. Estes locais são acessíveis e as marcas são deixadas à altura dos olhos e ao alcance das mãos. Existem algumas características específicas destas manifestações, como por exemplo, o material que é usado para produção. Normalmente usa-se canetas marcadoras com diferentes espessuras de ponta, latas de spray e conta com uma textura única.

Em locais com grande circulação de automóveis e trens, há a presença de street art com formatos de desenhos e letras com estilos próprios. Neste caso, a manifestação da arte deve ser em maior escala para obter-se notoriedade. Obviamente que ambas ações não são excludentes, e muitas vezes são complementos umas das outras.

Em Portugal, particularmente falando da cidade de Lisboa, a street art também é tratada como assunto de cunho científico e é objeto de estudo multidisciplinar que envolve diferentes áreas do conhecimento como: arquitetura, urbanismo, arte, sociologia, política e utilização de espaço público. Com artistas e intelectuais envolvidos nos estudos e na criação da arte urbana lisboeta, surge a ConvocArte, uma revista digital da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, que explora e discute as ciências da arte e do patrimônio.

Também na linha da discussão e da produção de conhecimento, os portugas contam com o Urban Creativity , que é uma conferência internacional de Street Art e Criatividade Urbana e acontece na cidade de Lisboa, além de ser um jornal científico com artigos de intelectuais do mundo inteiro. Este apoio acadêmico serve também como base de diálogo com o poder público, isto rendeu bons frutos como a GAU – Galeria de Arte Urbana que conta com apoio da Câmara Municipal de Lisboa, e é uma estratégia dedicada para preservar o património artístico e cultural da cidade, procurando simultaneamente sensibilizar e promover as novas expressões da arte urbana.

Outra iniciativa de arte e integração social é o projeto Lata 65, responsável por aulas de street art para idosos lisboetas, uma iniciativa que vai além da participação da melhor idade nas atividades cívicas, mas que traz a transformação de mentalidade e um olhar menos pejorativo para a arte de rua. Outro exemplo de integração social é o Upark , um laboratório de arte urbana localizado nos arredores de Lisboa que promove workshops para a comunidade, e também melhora a qualidade de vida dos cidadãos locais com uma praça revitalizada e cheia de cores, em um lugar que antes estava abandonado.

 

São inúmeras iniciativas em diversas cidades do mundo. A arte urbana têm como característica principal ser efêmera e promove a transformação de cenários públicos. Através de cores, desenhos e grafismos faz brilhar os olhos de quem passa e incentiva a criatividade urbana.

Artigo de Angela Costa.

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