Ed#2 | Comunicação Inteligente | O Poder da Imagem

abril 10, 2017 5:29 pm Publicado por Deixe um comentário

Muito se fala sobre a influência que a comunicação tem ao apontar diretrizes no comportamento individual e coletivo. Não é de hoje que percebemos a diferença que existe no modo de contar uma história e como percebemos as imagens que “digerimos”.

Ciente da importância que um comunicador possui na hora de construir uma mensagem, Gildo Henrique, designer gráfico formado pelo Instituto Federal Fluminense e diretor da GHenrique Arquitetura & Design, publicou diferentes artigos que discutem o valor do processo criativo e escreveu em 2008 O Poder da Persuasão Obtida pelos Recursos do Design Gráfico: Análise retórica da imagem.

Neste trabalho acadêmico ele nos dá um exemplo, ao fazer a leitura de uma peça publicitária impressa, de como a arquitetura de informação, cores, tamanhos e textos se unem para transmitir uma mensagem que esteja em sintonia com os interesses da marca, em relação ao comportamento de seu consumidor.

“O design, ao se preocupar com os aspectos envolvidos na criação de objetos, visando à criação intencional destinada a um público-alvo que possa acreditar em algo, deve buscar argumentação eficaz em sua discursiva.

Ao se considerar o anúncio como perfeito em sua proposta, passamos a desvendar os recursos do processo criativo e que possibilitaram a leitura dos seus elementos verbais e não-verbais de maneira eficaz.”

É sempre bom lembrar que todo criador tem responsabilidade sobre sua criação, isso se aplica tanto a publicitários e designer, quanto a empreendedores e pessoas comprometidas a levar adiante seus projetos de atuação social.

“Para decifrar o conjunto de regras que orientam a articulação dos signos de uma mensagem, Cohn propõe “a seleção dos elementos que se integrarão à forma do objeto e lhe conferirão valor como ente dotado de significado”. Ao realizarmos uma análise de conteúdo, como sugere esse autor, começamos pelas imagens, palavras e frases, passando a uma análise estrutural: a mensagem como um todo, privilegiando a articulação entre os elementos.

Há uma consideração relevante de Ellen Lupton ao referenciar a retórica por meio do discurso e seu caráter de eficácia e persuasão, sobretudo pela escolha de estilos. Analisando a retórica da mensagem por essa visão, observamos um apelo racional (logos), haja vista que há uma forte razão para ser um “aliado” da campanha, conforme o texto da página à esquerda: é preciso salvar o planeta, reforçada pela parceria com respeitáveis empresas, cujos logotipos aparecem na imagem. No apelo emocional (pathos), a peça publicitária é brilhante quando utiliza bichinhos de pelúcia, pois, além remeter o leitor à infância, transmite carinho, suavidade, muito mais do que seu papel de informar sobre a diversidade de animais em extinção em todas as regiões do mundo. Nesse caso, o coroamento da idéia foi a inserção da mascote da WWF entre eles. Com relação ao apelo ético (ethos), o anúncio não requer muito esforço: é politicamente correto por tratar de ecologia, tema por demais explorado em todos os rincões do globo.”

Como Gildo nos mostra ao analisar o design da peça publicitária, a composição da imagem tem um poder único ao unir símbolos e emoções para transmitir sua ideia. Esta alquimia deve ser levada em conta ao somarmos nomes, pessoas e organizações a fim de fomentar a comunicação de nossas marcas e projetos.

Atribuindo o devido valor a cada elemento que compõe sua imagem, entendendo a relevância em seu ecossistema, terá maior precisão ao transmitir uma mensagem coesa com os objetivos de sua emissão. Este é o segredo dos antigos tomos mágicos de Paracelso e talvez a essência da Pedra Filosofal: a eficiente manipulação de palavras, imagens e formas, dando assim a chance ao chumbo bruto de transmutar-se em ouro divino.

“Isso vem ao encontro do pensamento de Quintiliano que afirma ser a retórica a arte de dizer algo de uma nova maneira, dando mais suavidade, vitalidade e impacto, fazendo com que a mensagem chegue de modo mais atraente e mais efetivo. Barthes foi o primeiro autor a propor uma análise estrutural em seu artigo “Retórica da Imagem”, destacando que sua significação é sempre intencional e, nesse caso, os significados da mensagem devem ser claros, sugerindo dar maior importância à lingüística.

Dessa forma, podemos analisar toda a peça como um livre exercício da semiótica e da retórica, já que esta é a arte da persuasão e da eloqüência, bem como os conceitos visuais na comunicação relacionada ao design propostos por Harno J. Ehses, uma vez que seus instrumentos permitem a extração de elementos, além da acentuação e da explicação de sua vocação para uma interação social.”

Assim fica claro o quão minucioso deve ser nosso labor ao compor a comunicação de qualquer peça que busca impacto relevante em seu meio. Os profissionais responsáveis pelas transcrições e transmissões de mensagens, nos mais diversos sentidos, possuem poder para manipular as palavras, sons, cores e formas a fim de conquistar seus espectadores.

“Por cuidar dos aspectos envolvidos na criação intelectual destinada a um público consumidor em potencial, nossa preocupação foi desvendar os signos inseridos no anúncio e sua organização estrutural que contribuíram para destacar as funções da imagem significada, levando-nos a concluir que os profissionais do processo de criação optaram por lançar mão de artifícios próprios da persuasão como articulação de signos, clareza, fixação lingüística, denotação e conotação, empregando uma eloqüência eficaz na tentativa de provocar impacto, usando códigos comuns de uma nova maneira.”

Há inúmeros poderes que podemos atribuir as imagens e as nossas mensagens. Leia o texto científico completo do Gildo Henrique CLICANDO AQUI e acompanhe as próximas edições da ELOS CRIATIVOS para saber mais de Comunicação Inteligente.

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